“[...] Não houve constrangimento.”. “Sexo: se não é
opção, é abuso.”
A dignidade do ser humano é intransponível e
intransferível.
Começo este texto com estas
frases que causaram discussões nos ambientes cibernéticos e não cibernéticos,
gerando várias indagações acerca do “lugar” da mulher, o direito de não ser
invadida, abusada, mulher como objeto sexual, empoderamento, Leis ou leis? Ética
ou ótica? Abuso ou estupro? Será que o abuso ou mesmo estupro é somente quando
há penetração, e os agravos simbólicos disso?
A Organização Mundial da
Saúde - OMS considera violência contra a mulher qualquer ato que cause ou
tenha alta probabilidade de causar dano físico, sexual, mental e porque não
dizer também social. Pois, quando se pensa em abuso sexual pensa somente nas
causas físicas e sexuais e, ainda, se permeia a cultura do estupro - Quando se
interessa saber quem é o algoz, sempre a culpabilidade recai sobre a vítima
(roupas, lugar errado/inapropriado, verbalizações etc.).
Citados por
Souza e colaboradores (2012), Villela e Lago (2007), falam que, “É necessário enfrentar essa problemática nos âmbitos públicos da Segurança, do
Direito e da Saúde, pois a violência sexual provoca uma gama variada de
consequências nas suas vítimas”. Para Diniz (2007), “A violência contra a
mulher é o retrato da desigualdade de gênero existente no país, que determina
papéis, posições e deveres diferentes do feminino e do masculino.”.
Os agravos
psicológicos são inúmeros em mulheres que são vitimas de abuso sexual, agravos
como: ansiedade, depressão, suicídio, transtorno pós-traumático (TEPT), sentimentos
de medo da morte, sensação de solidão, transtornos da sexualidade (vaginismo,
dispareunia, diminuição da lubrificação vaginal ou mesmo a perda do orgasmo),
dentre outros. Em sua grande maioria, as vítimas sentem-se “sujas”, “feias” e
“nojentas”, além de ter vergonha de seu próprio corpo.
Ao tentar
“sobreviver” a este trauma, ao ter suas barreiras violentadas, invadidas, tenta
fazer suas ressignificações acerca de novos limites entre si mesma e o mundo.
Porém, em algumas vítimas tais delimitações são construídas subitamente pela evolução
traumática, como por exemplo: ganho de peso, desleixo pessoal, baixa
autoestima, introspecção social, o não se sentir atraente sexualmente,
problemas de aprendizagem (principalmente em crianças e adolescentes) ou de
comportamento. Vale lembrar que quando tais sintomas supracitados tornam-se
frequentes e permanentes torna-se de ordem patológica.
Essas
ressignificações na maioria dos casos, só há possibilidade de acontecer pela
terapia psicológica, e em alguns casos também pela terapia medicamentosa
(Psiquiatra), ambas oferecerão a vítima possibilidade de elaborar essa
experiência que para muitas é da ordem do insuportável, do angustiante que
acaba causando um sofrimento biopsicossocial.
O “abuso social”
a mulher/feminino e porque não dizer às pessoas transgêneros, transexuais,
homossexuais, de cor negra, com transtornos psíquicos, com deficiência visual,
sensorial ou mesmo que não esteja nos padrões de beleza efetivamente é um
problema de políticas públicas. Vivemos numa sociedade adoecida pela falta de
compreensão de que a diferença nos faz melhor ou pior que o outro, porém é na diferença
que devemos ser respeitados e compreendidos.
Ainda, se coloca
a mulher no lugar de objeto sexual ou mesmo de submissão – seja nas músicas
abusivas e de cunho pejorativo, nos ambientes laborais no que tange aos lugares
hierárquicos, acadêmicos, sociais, etc. Mas este não é o seu lugar. O lugar da
mulher com certeza é onde ela quiser, exceto no lugar de prazer ao sexo oposto.
A mulher vale
muito mais que $3,80, ela tem o valor de vida, de essência. Exijo respeito ao
desejo do ser humano, ser o que ele deseja ser, principalmente na condição de
ser mulher!
Bárbara Andrade
Psicóloga - CRP
03 6845
Consultório Psi. Edifício Boulevard, sala 503, Avenida Aziz Maron - Itabuna, Bahia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário