Por: Bárbara Andrade.
No mês de setembro acontece o “setembro amarelo”, campanha mundial que tem por objetivo abordar, salientar e chamar atenção acerca do suicídio no Brasil e no mundo. Setembro foi escolhido, pois no dia 10 se comemora o dia “Mundial de Prevenção do Suicídio”. Começou a acontecer aqui no Brasil em 2014 no Distrito Federal. Essa campanha foi trazida ao país pela Associação Brasileira de Psiquiatria, Conselho Federal de Medicina e pelo Centro de Valorização da Vida.
No mês de setembro acontece o “setembro amarelo”, campanha mundial que tem por objetivo abordar, salientar e chamar atenção acerca do suicídio no Brasil e no mundo. Setembro foi escolhido, pois no dia 10 se comemora o dia “Mundial de Prevenção do Suicídio”. Começou a acontecer aqui no Brasil em 2014 no Distrito Federal. Essa campanha foi trazida ao país pela Associação Brasileira de Psiquiatria, Conselho Federal de Medicina e pelo Centro de Valorização da Vida.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) apontou
em 2014, que o Brasil é o 8º país com a maior taxa de suicídios do mundo. O
estudo afirma, ainda, que mundialmente a cada 40 segundos, uma pessoa comete suicídio. Em 2015, a OMS informou
que o suicídio mata mais jovens no mundo do que o HIV, sendo a segunda causa no
mundo em pessoas com faixa etária entre 15 e 29 anos, e maior taxa de
mortalidade entre pessoas com idade de 70 anos (em muitos casos pela diminuição
ou ausência de cuidados e, pela solidão). Você já deve ter ouvido falar também
nos crescentes índices de adolescentes (fase de transformação, crises da fase,
luto pela perda do corpo infantil), que cometem este ato, principalmente depois
do movimento do jogo da baleia azul e também depois da série que conta a
história de uma adolescente suicida. Segundo algumas pesquisas os profissionais
que mais cometem suicídio no Brasil são médicos e policiais.
O suicídio é um fenômeno multifatorial, complexo
e puramente da condição humana (dor de existir), não acontecendo no meio
animal. Presente em todas as culturas, classes sociais e faixas etárias. Este
fenômeno foi dotado de diferentes significações
no decorrer da história. Em algumas nações entendiam como algo que transgredia
a moral, outras pensavam como algo heroico pela pessoa que cometia o ato do
suicídio. Por exemplo, na Grécia achavam que os casos de suicídios eram por
motivos de patriotismo, remorso, fidelidade, amor, castidade,
etc. Já em Atenas, o suicídio era considerado legítimo para níveis sociais mais
altos. Na Idade Média, este ato passou a ser condenado, não só
pela Igreja, mas também pelo Estado. Religiosos como Santo Agostino, em seu
tratado “A Cidade de Deus”, condena radicalmente o suicídio como uma interdição
do mandamento do Decálogo “Não matarás”. São Tomás de Aquino reafirma a
proibição do suicídio e defende a interdição da sepultura de suicidas em terras
sagradas. Nesta época o ato suicida era visto como uma tentação do demônio e
pessoas que tentavam o suicídio quando sobreviviam, recebiam punições severas,
e quando não sobreviviam não eram enterradas em meio a outras pessoas que
tiveram outra causa de morte. Atualmente, o suicido é um fenômeno visto com
outro significado, com outro olhar e como algo da ordem patológica, apesar de
ainda ser um tabu. No Brasil as leis condenam a
indução ou o auxílio ao ato suicida. Apesar desse novo acerca do suicídio, ainda
é visto como um mistério, preconceito e tabu para sociedade. Mistério, pois
sempre há a pergunta: Porque as pessoas cometem suicídio? E tabu, pois ainda
existe a crença voltada para o discurso religioso, moralista que quem se mata cometeu
um ato sem perdão. E de preconceito, pois se acredita que as pessoas suicidas
são fracassadas e que falharam em suas tentativas de superação mediante a seus
problemas.
Como foi dito anteriormente,
o suicido é complexo e tem causas multifatoriais que vão desde perdas (entes,
trabalho, animais, etc.), personalidade (pessoas impulsivas, precipitadas),
fatores socioculturais, genéticos (para alguns especialistas), até provenientes
de doenças mentais (alcoolismo, dependência química, transtornos mentais e
depressão). Por exemplo, pessoas com histórico de depressão estão mais propicias
a cometerem o ato suicida. Vale salientar que não são todos os depressivos e
mesmo pessoas com perfis supracitados que cometerão o suicídio. A forma de
saber lidar com sua dor, angústia e mesmo com sua tristeza é peculiar de casa
sujeito, por isso, em alguns casos pessoas deprimidas com a perda de um emprego,
por exemplo, não dariam conta dessa dor, desse grande sofrimento psíquico a não
ser pelo ato suicida.
Na sociedade capitalista
temos que produzir e consumir, e até mesmo de que os indivíduos devem sempre
manter-se num estado de felicidade plena. Por isso, o indivíduo depressivo se
torna aos olhos da sociedade como improdutivo, incapaz e estático, pois em
algumas situações se introspectam socialmente, “falam” de suas dores, de suas
tristezas, angústias e logo são julgados por isso, e ouvem sempre que “isso não
é a saída”, “bola pra frente”, “não fique triste”, etc.
Uma pergunta sempre
frequente: quem vai se matar, vai avisar antes? Vários são os fatores de risco
para que pessoas cometam o ato suicida como já foram supracitados. Pessoas com histórico
de suicídio na família, acometidas por algum tipo de violência (abuso sexual,
abandono, etc.), rede social fragilizada (falta de amigos, ausência da
família), pessoas que se automutilam, não dão conta de mudanças marcantes, além
de tentativas de suicídio antes, pessoas que em seus discursos falam que
acreditam estar com algum tipo de doença incurável (mesmo não estando), são
sinais que podem cometer o ato suicida.
O sujeito pode não dizer com
todas as letras que irá se matar, mais pode por meios de comportamentos e
atitudes dar indícios dessa vontade de dar fim a própria vida. Como no caso de
adolescentes que se cortam com lâminas e sempre que perguntado se os cortes não
lhe causam dor, estes respondem que o corte não provoca dor e sim alivio de uma
dor (abandono, abuso sexual, mal tratos, etc.) que não sabem “falar”, não sabem
lidar com ela. Alguns pacientes depressivos costumam dizer que acreditam está
com um câncer, com problemas cardíacos, quando na realidade não há doença
alguma e sim vontade da morte, o desejo de morrer se “converte” em forma de
corpo. Vale salientar que pessoas com histórico de depressão ou mesmo histórico
de tentativas de suicídio não devem ter armas, materiais tóxicos em casa, e nem
devem está de posse de seus medicamentos (caso de pacientes que fazem terapia
medicamentosa).
Suicido não é um ato de fraqueza, covardia, de
que quer se chamar a atenção, de falta de fé em Deus. A dor da alma é algo muito
mais complexo e intrisico do que se imagina. O que você deve fazer quando alguém
diz a você que vai se matar? Jamais julgue esta pessoa, apenas a escute e, ouça
o que dói nela e em que você pode ajuda-la. A presença da família e de amigos é
de suma importância neste processo. Sabe-se que em alguns casos de suicídio, a
família sente-se impotente, que falhou em algo, muitas vezes sente amor e ódio
(sentimento ambivalente), dentre tantos outros sentimentos. A família jamais
deverá ser culpada pelo ato suicida de seu ente. Ela deve sim ter
acompanhamento terapêutico psicológico para que possa elaborar sua dor de perda.
O trabalho do Psicólogo é muito importante
neste trajeto, este profissional deve oferecer um acolhimento no sentido de
lugar de escuta, com imparcialidade, sem julgamento, para escutar além dos
“ditos”.
Quais instituições você pode procurar para
ajudar seu amigo ou ente? Na capital tem o NEPS – Núcleo de Estudo e Prevenção
ao Suicídio e no interior você pode procurar nas redes públicas os CAPS –
Centro de Apoio Psicossocial, Policlínicas e outros serviços de atendimentos clínicos
especializados. E redes privadas como profissionais da área de saúde mental: psicólogos
e psiquiatras.
Bárbara Andrade
Psicóloga CRP 03 6845
Consultório particular no Ediício Boulevard - 5º andar - sala 503 - Itabuna
Instagran: barbarpsi
Imagem retirada da internet
Bárbara Andrade
Psicóloga CRP 03 6845
Consultório particular no Ediício Boulevard - 5º andar - sala 503 - Itabuna
Instagran: barbarpsi
Imagem retirada da internet
Nenhum comentário:
Postar um comentário