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quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

TRAIÇÃO NO RELACIONAMENTO

Cibele Pedrosa
                             

Traição no relacionamento: é legal levar adiante o compromisso?

Falar sobre traição é sempre complexo e delicado, por se tratar de sentimentos e emoções nem sempre bem-resolvidos para uma das partes ou ambas as partes. Em se tratando de casais, cada um tem seus próprios acordos e formas de se relacionar. Portanto, cada caso é um caso literalmente falando, pois o casal encontrará seus próprios meios de se comunicar e solucionar os encontros e desencontros em um relacionamento independentemente de qualquer ideologia ou religião. Estas podem até influenciar, mas não determinar a direção que um casal vai escolher para o equilíbrio dinâmico da vida a dois.

Quando a traição acontece é hora de se perguntar: vale a pena levar adiante o compromisso?

Esta pergunta deve ser feita não só pelos casados, mas também pelos casais de namorados.
Como diz Ivan Martins (2011), existe a paixão que nos consola das nossas questões interiores. Das nossas dores permanentes. Da nossa ansiedade intolerável. Por algum tempo ela nos distrai de nós mesmos. É uma fuga que tende a se repetir. Gente angustiada e indecisa faz isso o tempo inteiro: troca de parceiro e de paixão sem conseguir trocar o essencial em si mesmo. Um belo dia elas acordam, percebem que a velha dor está lá, e vão embora, atrás de outra paixão que consiga preencher o buraco impreenchível.

Qual é a moral dessa história?

Que talvez tenhamos de desconfiar de nós mesmos e de nossas razões, pois de uma forma silenciosa e quase inconfessável, muitos continuamos esperando que o amor, ou seja, o próximo amor, vai solucionar repentinamente nossa vida. Talvez não passe de uma requintada muleta ou de uma ilusão. Quem sabe um analgésico para questões que estão mal resolvidas internamente com cada parceiro, fazendo com que ambos depositem suas frustrações no relacionamento amoroso.

É por isso que fazemos escolhas. Podemos caminhar em direção a uma mulher ou a um homem e iniciar uma conversa, que será repelida e ou acolhida. Ou podemos decidir que essa fantasia/desejo, vai passar sem deixar marca na realidade. As fantasias/desejos mostram sim que estamos vivos. Mas o que decidimos fazer a partir delas ou a despeito delas decide como será a nossa vida real. E essa é a parte que conta.

Não sei se podemos afirmar que uma traição é sinal de imaturidade e falta de responsabilidade, ou prova de que não se sabe amar, ou um sinal de egoísmo em que se aceita destruir o sentimento do outro para viver uma nova aventura amorosa como disse Felipe Aquino (2010).

Mas pode ser sinal de rever como anda o relacionamento, sendo que os aspectos citados acima podem estar presentes na dinâmica do relacionamento ou não. Dependendo do casal, a traição pode ser o avesso das regras ditadas pela sociedade, onde a mesma pode até ter espaço na relação, o que contraria o discurso moralmente aceito.

Portanto, quando falamos de relacionamentos e vivenciamos na prática o atendimento terapêutico de casais, não podemos ter um pensamento simplista e linear da situação, pois se para uns a traição é o fim de um relacionamento, para outros é o começo de uma relação mais madura!

Fonte: Site; A Mente é Maravilhosa


Por: Cibele Pedrosa

Psicóloga, mora na cidade de Belo Horizonte. Ser humano em constante crescimento e aberta a novos desafios. Possui uma Fanpage Ser e se relacionar. Confira no link https://www.facebook.com/psicibelesimoes/

Referências Bibliografias:
AQUINO, Felipe. A gravidade da traição no namoro. 2010
MARTINS, Ivan. Quando o amor é distração. 2011



quinta-feira, 24 de novembro de 2016


Antídoto

Mentes vulneráveis e despreparadas.
Sujeitas a serem engolidas pelas armadilhas.
Armadilhas do sistema, este é o vírus, é o vírus do conformismo.
Onde foi? Quem foi? Quando foi que me implantaram esse chip?
Não passamos de produtos fabricados, gerando lucros, sustentando mercados.
Você está prestes a perder tudo aquilo.
Que você tem de mais valioso.
Perder sua liberdade, seu poder de escolha.
Para se tornar um robô programado.
Para consumir o que te impõem e ingerir.
O que te dizem que é melhor para você.
Ou nos armamos contra as mesmices desse cotidiano manipulador.
Ou nos preparamos para nos tornarmos submissos ao sistema hipócrita da sociedade.
Adeus vírus conformista!


sexta-feira, 4 de novembro de 2016

PSICÓLOGA BÁRBARA ANDRADE CONCEDE ENTREVISTA A TV CABRÁLIA




Na manhã desta sexta-feira (04), a Psicóloga BÁRBARA ANDRADE concedeu entrevista a Tv Record Cabrália. A temática da entrevista foi "Violência Sexual", assunto bastante debatido nas mídias principalmente sobre os aspectos dos agravamentos psicológicos nas vítimas desse crime.


A psicóloga frisou que crianças, adolescentes e adultos são vítimas dessa prática, segundo o Anuário de Segurança Pública, Fórum governamental, divulgou recentemente que os índices de "Violência Sexual" reduziram, mas, a doutora Bárbara Andrade rebateu tal afirmativa, pois, existem vítimas não contabilizadas, ou seja, àquelas que por medo, fragilidade, vergonha, não denunciam o delito e o seu algoz, o que a Psicologia denomina como Síndrome do Silêncio.

Os agravamentos, sequelas psicológicas causadas nas crianças são: fobia, depressão, ansiedade, introspecção social, déficit de aprendizagem, enurese, encoprese, terror noturno e auto-mutilação. Já nos adultos são: depressão, ansiedade, suicídio, em alguns casos auto-culpabilização pelo ato sofrido.

"A cultura do estupro vem justamente debater e fomentar que a sociedade pense e se posicione contra essa prática, estar numa balada com uma roupa mais curta ou sensual não quer dizer que a mulher está pedindo para ser violentada, pois sexo consentido é diferente de estupro. Vale salientar que antes pensava-se muito o que motivou o estupro, agora não, observa-se quais foram as sequelas sociais e psicológicas deixadas nestas pessoas que foram acometidas por esse tipo de violência, cuidar delas e diminuir o sofrimento " enfatizou Bárbara Andrade. 

Os índices comprovam que as mulheres são as que mais sofrem com a violência sexual, observa-se que há uma "Violência de Gênero".

segunda-feira, 31 de outubro de 2016

PRECISAMOS FALAR SOBRE A VAIDADE NA VIDA ACADÊMICA

Por Rosana Pinheiro-Machado — publicado 24/02/2016 03h37, última modificação 24/02/2016 12h17
Combater o mito da genialidade, a perversidade dos pequenos poderes e os "donos de Foucault" é fundamental para termos uma universidade melhor. A vaidade intelectual marca a vida acadêmica. Por trás do ego inflado, há uma máquina nefasta, marcada por brigas de núcleos, seitas, grosserias, humilhações, assédios, concursos e seleções fraudulentas. Mas em que medida nós mesmos não estamos perpetuando esse modus operandi para sobreviver no sistema? Poderíamos começar esse exercício auto reflexivo nos perguntando: estamos dividindo nossos colegas entre os “fracos” (ou os medíocres) e os “fodas” (“o cara é bom”).
As fronteiras entre fracos e 'fodas' começam nas bolsas de iniciação científica da graduação. No novo status de bolsista, o aluno começa a mudar a sua linguagem. Sem discernimento, brigas de orientadores são reproduzidas. Há brigas de todos os tipos: pessoais (aquele casal que se pegava nos anos 1970 e até hoje briga nos corredores), teóricas (marxistas para cá; weberianos para lá) e disciplinares (antropólogos que acham sociólogos rasos generalistas, na mesma proporção em que sociólogos acham antropólogos bichos estranhos que falam de si mesmos).

A entrada no mestrado, no doutorado e a volta do doutorado sanduíches vão demarcando novos status, o que se alia a uma fase da vida em que mudar o mundo já não é tão importante quanto publicar um artigo em revista qualis A1 (que quase ninguém vai ler).
Na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, dizíamos que quando alguém entrava no mestrado, trocava a mochila por pasta de couro. A linguagem, a vestimenta e o ethos mudam gradualmente. E essa mudança pode ser positiva, desde que acompanhada por maior crítica ao sistema e maior autocrítica – e não o contrário.

A formação de um acadêmico passa por uma verdadeira batalha interna em que ele precisa ser um gênio. As consequências dessa postura podem ser trágicas, desdobrando-se em dois possíveis cenários igualmente predadores: a destruição do colega e a destruição de si próprio.
O primeiro cenário engloba vários tipos de pessoas (1) aqueles que migraram para uma área completamente diferente na pós-graduação; (2) os que retornaram à academia depois de um longo tempo; (3) os alunos de origem menos privilegiada; (4) ou que têm a autoestima baixa ou são tímidos. Há uma grande chance destas pessoas serem trituradas por não dominarem o ethos local e tachadas de “fracos”.
Os seminários e as exposições orais são marcados pela performance: coloca-se a mão no queixo, descabela-se um pouco, olha-se para cima, faz-se um silêncio charmoso acompanhado por um impactante “ãaaahhh”, que geralmente termina com um “enfim” (que não era, de fato, um “enfim”). Muitos alunos se sentem oprimidos nesse contexto de pouca objetividade da sala de aula. Eles acreditam na genialidade daqueles alunos que dominaram a técnica da exposição de conceitos.
Hoje, como professora, tenho preocupações mais sérias como estes alunos que acreditam que os colegas são brilhantes. Muitos deles desenvolvem depressão, acreditam em sua inferioridade, abandonam o curso e não é raro a tentativa de suicídio como resultado de um ego anulado e destruído em um ambiente de pressão, que deveria ser construtivo e não destrutivo.
Mas o opressor, o “foda”, também sofre. Todo aquele que se acha “bom” sabe que, bem lá no fundo, não é bem assim. Isso pode ser igualmente destrutivo. É comum que uma pessoa que sustentou seu personagem por muitos anos, chegue na hora de escrever e bloqueie.
Imagine a pressão de alguém que acreditou a vida toda que era foda e agora se encontra frente a frente com seu maior inimigo: a folha em branco do Word. É “a hora do vâmo vê”. O aluno não consegue escrever, entra em depressão, o que pode resultar no abandono da tese. Esse aluno também é vítima de um sistema que reproduziu sem saber; é vítima de seu próprio personagem que lhe impõe uma pressão interna brutal.

No fim das contas, não é raro que o “fraco” seja o cavalinho que saiu atrasado e faça seu trabalho com modéstia e sucesso, ao passo que o “foda” não termine o trabalho. Ademais, se lermos o TCC, dissertação ou tese do “fraco” e do “foda”, chegaremos à conclusão de que eles são muito parecidos.
A gradação entre alunos é muito menor do que se imagina. Gênios são raros. Enroladores se multiplicam. Soar inteligente é fácil (é apenas uma técnica e não uma capacidade inata), difícil é ter algo objetivo e relevante socialmente a dizer.
Ser simples e objetivo nem sempre é fácil em uma tradição “inspirada” (para não dizer colonizada) na erudição francesa que, na conjuntura da França, faz todo o sentido, mas não necessariamente no Brasil, onde somos um país composto majoritariamente por pessoas despossuídas de capitais diversos.
É preciso barrar imediatamente este sistema. A função da universidade não é anular egos, mas construí-los. Se não dermos um basta a esse modelo a continuidade desta carreira só piora. Criam-se anti-professores que humilham alunos em sala de aula, reunião de pesquisa e bancas. Anti-professores coagem para serem citados e abusam moral (e até sexualmente) de seus subalternos.
Anti-professores não estimulam o pensamento criativo: por que não Marx e Weber? Anti-professores acreditam em lattes e têm prazer com a possibilidade de dar um parecer anônimo, onde a covardia pode rolar às soltas.

O dono do Foucault
Uma vez, na graduação, aos 19 anos, eu passei dias lendo um texto de Foucault e me arrisquei a fazer comparações. Um professor, que era o dono do Foucault, me disse: “não é assim para citar Foucault”.
Sua atitude antipedagógica, anti-autônoma e anti-criativa, me fez deixar esse autor de lado por muitos anos até o dia em que eu tive que assumir a lecture “Foucault” em meu atual emprego. Corrigindo um ensaio, eu quase disse a um aluno, que fazia um uso superficial do conceito de discurso, “não é bem assim...”.

Seria automático reproduzir os mecanismos que me podaram. É a vingança do oprimido. A única forma de cortamos isso é por meio da autocrítica constante. É preciso apontar superficialidade, mas isso deve ser um convite ao aprofundamento. Esquece-se facilmente que, em uma universidade, o compromisso primordial do professor é pedagógico com seus alunos, e não narcisista consigo mesmo.
Quais os valores que imperam na academia? Precisamos menos de enrolação, frases de efeitos, jogo de palavras, textos longos e desconexos, frases imensas, “donos de Foucault”. Se quisermos que o conhecimento seja um caminho à autonomia, precisamos de mais liberdade, criatividade, objetividade, simplicidade, solidariedade e humildade.
O dia em que eu entendi que a vida acadêmica é composta por trabalho duro e não genialidade, eu tirei um peso imenso de mim. Aprendi a me levar menos a sério. Meus artigos rejeitados e concursos que fiquei entre as últimas colocações não me doem nem um pouquinho. Quando o valor que impera é a genialidade, cria-se uma “ilusão autobiográfica” linear e coerente, em que o fracasso é colocado embaixo do tapete. É preciso desconstruir o tabu que existe em torno da rejeição.
Como professora, posso afirmar que o número de alunos que choraram em meu escritório é maior do que os que se dizem felizes. A vida acadêmica não precisa ser essa máquina trituradora de pressões múltiplas. Ela pode ser simples, mas isso só acontece quando abandonamos o mito da genialidade, cortamos as seitas acadêmicas e construímos alianças colaborativas.
Nós mesmos criamos a nossa trajetória. Em um mundo em que invejas andam às soltas em um sistema de aparências, é preciso acreditar na honestidade e na seriedade que reside em nossas pesquisas.
Transformação
Tudo depende em quem queremos nos espelhar. A perversidade dos pequenos poderes é apenas uma parte da história. Minha própria trajetória como aluna foi marcada por orientadoras e orientadores generosos que me deram liberdade única e nunca me pediram nada em troca.
Assim como conheci muitos colegas que se tornaram pessoas amargas (e eternamente em busca da fama entre meia dúzia), também tive muitos colegas que hoje possuem uma atitude generosa, engajada e encorajadora em relação aos seus alunos.
Vaidade pessoal, casos de fraude em concursos e seleções de mestrado e doutorado são apenas uma parte da história da academia brasileira. Tem outra parte que versa sobre criatividade e liberdade que nenhum outro lugar do mundo tem igual. E essa criatividade, somada à colaboração, que precisa ser explorada, e não podada.
Hoje, o Brasil tem um dos cenários mais animadores do mundo. Há uma nova geração de cotistas ou bolsistas Prouni e Fies, que veem a universidade com olhos críticos, que desafiam a supremacia das camadas médias brancas que se perpetuavam nas universidades e desconstroem os paradigmas da meritocracia.
Soma-se a isso o frescor político dos corredores das universidades no pós-junho e o movimento feminista que só cresce. Uma geração questionadora da autoridade, cansada dos velhos paradigmas. É para esta geração que eu deixo um apelo: não troquem o sonho de mudar o mundo pela pasta de couro em cima do muro.

Registrado em: Rosana Pinheiro-Machado

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

CIRURGIA BARIÁTRICA: QUESTÕES PSICOLÓGICAS EMERGENTES APÓS O PROCEDIMENTO CIRÚRGICO

JÉSSICA BACELAR

Antes de começarmos a falar sobre cirurgia bariátrica é relevante falar um pouco sobre a obesidade, que de acordo com o Boletim Brasileiro de Avaliação de Tecnologias em Saúde - BRATS (2008), a obesidade tem alcançado proporções epidêmicas reconhecidas mundialmente, representando um dos principais problemas de saúde pública no momento. Sua abordagem deve ser integral, de forma a garantir acesso à prevenção e ao tratamento clínico e cirúrgico.
Sobre esse assunto a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica - ABESO (2009) define a obesidade em três níveis: grau I de obesidade engloba indivíduos com índice de massa corpórea (IMC) entre 30 e 34,9 kg/m2. Chama-se de obesidade grau II o IMC entre 35 e 39,9 kg/m2 e grau III, o IMC igual ou superior a 40 kg/m2. Diante dessa questão é importante abordar que o método cirúrgico é o último indicativo para tratamento da obesidade, sendo ela mórbida ou grau II.
A partir desse indicativo, Flores (2014) retrata o crescente número de cirurgias bariátricas no Brasil, que veio aumentando de 16.000 em 2003, para 60.000 em 2010. Através desses dados é possível perceber um número alarmante e preocupante no que diz respeito ao índice de obesidade grau II e III de forma que vem comprometendo a saúde e qualidade de vida dos brasileiros.
A obesidade, longe de ser uma “fraqueza de caráter” é uma doença crônica que afeta o ser humano nos seus aspectos físico, psíquico e social. (NAVARRO, F.; FARIA, A. C., 2007). Trata-se de um fenômeno multifatorial que envolve componentes genéticos, comportamentais, psicológicos, sociais, metabólicos e endócrinos (GONÇALVES; CHEHTER, 2012. p. 489).
Fandiño et al. (2004), comentam que após a cirurgia bariátrica diante da necessidade de mudanças drásticas nos hábitos alimentares, sociais e comportamentais, além da mudança de sua imagem corporal surgem, muitas vezes, dificuldades de adaptação à nova vida e de adesão ao tratamento, podendo, assim, colocar em risco o sucesso da cirurgia.
De fato outros autores retratam as dificuldades e desconforto nessa fase. De acordo com Marcelino, L. F. e Patrício, Z. M. (2011) nesse período o indivíduo encontra-se fragilizado fisicamente devido às reações comuns à cirurgia e também psicologicamente, em razão da privação alimentar e dos sentimentos de incertezas.
Segundo Ximenes, E. (2009, p. 135), “a imagem corporal não é mera sensação ou imaginação. É a figuração do corpo em nossa mente. É passível de transformação, em que todos os sentidos entram em colaboração”.
Quanto à adaptação em pacientes pós-operatório a autora ressalta que a adaptação em relação à imagem inicialmente pode ser mais confortável, já em relação aos pacientes que não foram submetidos à cirurgia, o quadro muda, pois os mesmos precisam adaptar-se a um corpo que não querem ter. Logo, os que já foram submetidos à cirurgia sentem logo a mudança, de uma imagem indesejada para algo que almejavam.  Porém, podem acontecer estranhamentos de si mesmo, devido ao emagrecimento rápido, pois o paciente depara-se frente a uma nova imagem/corpo, essa mudança, para muitos, requer tempo e readaptação.
A partir dessas colocações é perceptível a importância da avaliação psicológica no acompanhamento pré-operatório, pois é nessa etapa que o paciente irá se relacionar com o próprio corpo.
Por sua vez, referindo-se a Nóbrega, G. (2011), a obesidade traz questões de preconceito, discriminação, exclusão, fatores esses responsáveis pela fraqueza e sentimentos de culpa diante o sobrepeso, assim dificultando o estado clínico do paciente. De certo, é possível identificar que não são apenas as pessoas obesas que sofrem de algum problema emocional, pelo contrário, “qualquer indivíduo que esteja passando por alguma preocupação excessiva com o peso e o estímulo ao consumo alimentar.” (NÓBREGA, G. 2011, p. 63). Então, a obesidade pode ser entendida como um aspecto individual, porém sob interferências sociais, econômicas e ambientais.
            No que concerne à equipe multiprofissional ficou evidente ainda a importância do acompanhamento em todo o procedimento cirúrgico de modo que o psicólogo tem um papel considerável na equipe e para o paciente. Em outras palavras é possível identificar que os autores concordam e sustentam a ideia de que o acompanhamento psicológico e de equipe multiprofissionais é de extrema importância para o sucesso do procedimento cirúrgico, pois através desse apoio surge um meio eficaz para que o peso seja controlado evitando reincidências.
Pode-se perceber que ao abordar esse tema foi perceptível a influência que a sociedade implica num indivíduo obeso no que se trata das questões estéticas do corpo, desejo esse tão almejado que interfere de forma significativa no emocional dos mesmos. Salienta-se que os profissionais da área tenham um olhar diferenciado e que possam se especializar, sobretudo por ser um campo de pesquisa recente no que diz respeito ao quesito emocional/subjetivo da pessoa obesa, de maneira que possam implicar em futuras novas pesquisas.



Jéssica dos Santos Bacelar Dias
Psicóloga – CRP 03/IP13102
Esp. Práticas Psicossociais e Educação (em curso)













REFERÊNCIAS

BRASÍLIA. Boletim Brasileiro de Avaliação de Tecnologias em Saúde (BRATS). Cirurgia Bariátrica no tratamento da obesidade mórbida. Brasília, 2008. Disponível em: < http://200.214.130.94/rebrats/publicacoes/Brats05.pdf>. Acesso em: 02 abr. 2015.

Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica
Diretrizes brasileiras de obesidade 2009/2010 / ABESO - Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica. - 3. ed. - Itapevi, SP : AC Farmacêutica, 2009. Disponível em: < http://www.abeso.org.br/pdf/diretrizes_brasileiras_obesidade_2009_2010_1.pdf>. Acesso em: 02 abr. 2015.


FANDIÑO. J. et al. Cirurgia bariátrica: aspectos clínico-cirúrgicos e psiquiátricos. Porto Alegre, 2004. Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-81082004000100007>. Acesso em: 02 abr. 2015.


FLORES, C. A. Avaliação psicológica para cirurgia bariátrica: Práticas atuais. Porto Alegre, 2014. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/abcd/v27s1/pt_0102-6720-abcd-27-s1-00059.pdf>. Acesso em: 23 mar. 2015.

GONÇALVES, R. F. M.; CHEHTER, E. Z. Perfil mastigatório de obesos mórbidos submetidos à gastroplastia. São Paulo, 2012. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/rcefac/v14n3/aop05-11.pdf>. Acesso em: 01 abr. 2015.

MARCELINO, L. F.; PATRÍCIO, Z. M. A complexidade da obesidade e o processo de viver após a cirurgia bariátrica: uma questão de saúde coletiva. Santa Catarina, 2011. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/csc/v16n12/25.pdf>. Acesso em: 26 mar. 2015.

NÓBREGA, A. G. S. Obesidade, cirurgia bariátrica e emagrecimento: vivências e significados. Curitiba: Juruá, 2011.

NAVARRO, F.; FARIA, A. C. Avaliação do percentual de gordura corporal de pacientes obesos que foram submetidos à cirurgia bariátrica pela técnica de Fobi Capella. São Paulo, 2007. Disponível em: <http://www.rbone.com.br/index.php/rbone/article/view/58>. Acesso em: 30 mar. 2015.

XIMENES, E. G. Cirurgia da Obesidade: Um enfoque psicológico. São Paulo: Santos, 2009.


sexta-feira, 21 de outubro de 2016

DIAGNÓSTICO PSICOPEDAGÓGICO CLÍNICO

KARINNE CUNHA MARANINI

A Psicopedagogia se iniciou devido a necessidade de contribuir com a busca de estratégias para as difíceis questões no processo de construção do conhecimento, tendo como objeto o aprendiz, em sua interação com o ambiente escolar.
Segundo Bossa(2000) a Psicopedagogia tem como objeto de estudo da aprendizagem o como se dá o aprender, suas variações e os fatores implicados, como ocorrem as alterações na aprendizagem e como preveni-las, ou trata-las.
         O Psicopedagogo é o profissional que se ocupa dos problemas de aprendizagem, onde busca ver o indivíduo em toda a sua magnitude para compreender como se dá a transmissão de conhecimento.
         O Diagnóstico Psicopedagógico Clínico, é um processo complexo de investigação sobre a aprendizagem do indivíduo. Essa investigação envolve não apenas aplicação de etapas instrumentos, mas a investigação dos aspectos orgânicos, cognitivos, emocionais, sociais e pedagógicos. Visando uma análise da caracterização dos sintomas que venha a ser investigado, qual a relação entre a aprendizagem de conteúdos escolares e as aprendizagens informais esperadas.
         Para Weiss(2004), “o sucesso de um diagnóstico não reside no grande número de instrumentos utilizados, mas na competência e sensibilidade do terapeuta em explorar a multiplicidade de aspectos revelados em cada situação”.
         Nesse processo da avaliação psicopedagógica, seguindo a Teoria Epistemológica Convergente, de Jorge Visca, podemos perceber as características dos sintomas analisando as habilidades e competências do indivíduo, a fim de desenvolver as estratégias para a intervenção psicopedagógica adequada.
Nesse trabalho clínico, que se dá em consultórios ou em hospitais, o psicopedagogo busca não só compreender o “porquê” de o sujeito não aprender alguma coisa, mas “o que” ele pode aprender e “como”. A busca desse conhecimento inicia-se no processo diagnóstico, momento em que a ênfase é a leitura da realidade daquele sujeito, para então proceder à intervenção, que é o próprio tratamento ou o encaminhamento.
                                                                          De acordo com Bossa (2000, p.95)
O roteiro do diagnóstico psicopedagógico clínico varia entre cada profissional, o que depende da postura adotada. É necessário que o foco de investigação não permaneça restrito apenas ao paciente. Na linha da Epistemologia Convergente, Visca, informa que o diagnóstico clínico inicia com a consulta inicial ( dos pais) e encerra com a devolução ( 1987,p.69)
Passo a Passo das etapas do diagnóstico psicopedagógico clínico:
1ª sessão:
ü Entrevista Inicial (familiar)
Encontro com os pais/responsáveis para a aproximação com o caso a ser investigado.
         2ª sessão:
ü Entrevista Operatória Centrada na Aprendizagem (EOCA)
Investigação dos vínculos da criança/adolescente com a aprendizagem formal.
         3ª a 6ª sessão:
ü Provas e Testes:
Provas Operatórias, que visa obter dados para o conhecimento do funcionamento e desenvolvimento das funções lógicas da criança.
Provas Projetivas, onde percebe-se os conteúdos afetivos constitutivos do processo por meio de uma investigação projetiva.
Testes e avaliação (leitura, escrita e matemática) Pedagógicas e observação lúdica.

         7ª sessão:
ü Anamnese (História de Vida)
Processo em que se investiga a fundo toda a história de vida até o presente momento.

         8ª sessão:
ü Informe Diagnóstico (Devolução)
Esclarecer a problemática da criança com base nas hipóteses levantadas no diagnóstico.

              Dentro das etapas do diagnóstico psicopedagógico se faz necessário a visita a escola, para levantamento de hipótese acerca da aprendizagem.
   No final do diagnóstico psicopedagógico clínico devemos definir pontos dos resultados das hipóteses levantadas no diagnostico, com a família. Analisando todos os aspectos pontuados, seguindo do prognóstico. Devemos eliminar todas as dúvidas apresentadas pela família, dando segurança e os devidos encaminhamentos.

Referências:
SAMPAIO, Simaia. Manual Prático do Diagnóstico Psicopedagógico Clínico. Rio de Janeiro: Wark Editora,2014.
WEISS, M.L.L. Psicopedagogia Clínica: uma visão diagnóstica dos problemas de aprendizagem escolar. Rio de Janeiro: DP&A, 2003.
VISCA, Jorge. Clínica Psicopedagógica. Espitemologia Convergente. Porto Alegra: Artes Médicas, 1987.
BOSSA, Nadia A. A psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000.
LEAL, Daniela e NOGUEIRA, Makelliny Oliveira Gomes. Psicopedagogia Clínica: caminhos teóricos e práticos. Curitiba: Editora Intersaberes,2013.
CARLBERG, Simone. Psicopedagogia: uma matriz de pensamento diagnóstico no âmbito clínico. Curitiba: Editora Intersaberes,2012.
Karinne Oliveira Cunha Maranini
Pedagoga
Psicopedagoga Clínica- Especialista em Educação Especial e Inclusiva
Mestranda em Educação ( em curso)
Concursada no município de Ilhéus, atuando na área da Avaliação Psicopedagógica no Centro de Referência a Inclusão Escolar –Crie, desde 2008. Atendimento Psicopedagógico Clínico, em Itabuna, Clinica CLIM.
@karinnemaranini



terça-feira, 18 de outubro de 2016

SÉCULO XXI É MARCADO PELA CONVERGÊNCIA DE MÍDIA NO RÁDIO

OZIEL ARAGÃO


As transmissões do Rádio AM (Amplitude Modulada) e FM (Frequência Modulada) não são mais as mesmas há décadas, desde sua criação em 1896 pelo Guglielmo Marconi, inicialmente para um público até uma distância de 400 metros. De lá para cá, no século XXI, a tecnologia foi mudando e sendo cada vez mais aperfeiçoada, alcançando transmissões em tempo real por um conglomerado de ferramentas tecnológicas ao mesmo tempo e não somente pelo bom e velho radinho de pilha.
Os avanços da tecnologia especialmente em comunicação permitem hoje que programas das empresas de radiodifusão sejam levados ao ar pela internet para qualquer lugar do mundo, sem a necessidade de o ouvinte ter a obrigação de portar um aparelho de rádio, agora ele ouve pelo computador ou através do celular.
No passado, somente pessoas próximas a uma região de alcance das Ondas Sonoras, poderiam escutar o seu programa favorito. A chamada convergência de mídia engloba meios como Facebook, Aplicativos e até mesmo ao vivo pelo You Tube, dando oportunidade também ao fã do radialista conversar com ele, ver a sua imagem pelo conglomerado tecnológico utilizado pelas emissoras para conquistar ainda mais novos adeptos do bom radinho.
O fim do rádio?

Quando surge o novo, sempre ocorre esse tipo de questionamento: “O rádio vai acabar? ”. A resposta continua a ser a mesma: Não. Isso por que um dos meios de comunicação mais antigo do mundo, usado apenas no século XX para os militares e depois para propagar a política do país, vem se adaptando muito bem com o novo. Exemplo de ratificação do contexto, foi a chegada da internet, que só contribuiu para os amantes desse modelo de veículo comunicacional crescer.
Agora, uma realidade é possível adiantar, o aparelho de rádio, aí sim, é cada vez menor a produção de equipamento com a chegada de suportes menores e com alcance preciso: Emissoras virtuais e celulares com aplicativos de rádios AM e FM do mundo inteiro. Basta um clique e você de qualquer lugar ouve emissoras do Brasil a China.

Evolução

Com a tecnologia inserida nas programações, os proprietários de emissoras tiveram que alterna suas programações, como ocorreu no passado com a transição do Rádio Novela para a Televisão. Em tempos atuais não é mais possível conquistar o ouvinte somente com música ou só notícia, é necessário o incremento da variedade e cada vez maior a participação do ouvinte, ele agora quer e pode fazer parte de um todo, como um repórter cidadão ou até mesmo questionar uma opinião emitida pelo apresentador de determinado programa. De fato, o Século XXI será o da transição de mídias.

Oziel Aragão - Radialista, editor do site Plantão Itabuna e Graduando do 6º Semestre no curso de Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo, pela Faculdade Unime/Itabuna.


segunda-feira, 17 de outubro de 2016

PSICOLOGIA E PSICÓLOGO DO TRÂNSITO: QUAL SUA RELEVÂNCIA?

ARIZLA NAJANE


Conforme o CFP (Conselho Federal de Psicologia), a psicologia do trânsito é uma “área da psicologia que investiga os comportamentos humanos no trânsito, os fatores e processos externos e internos, conscientes e inconscientes que os provocam e o alteram” (2000, p. 10).
Psicologia do Trânsito é uma área da psicologia que vêm crescendo e ganhando visibilidade no meio científico nos últimos anos, pois o psicólogo torna-se figura imprescindível na compreensão do comportamento no trânsito, bem como nos métodos de avaliação psicológica que são realizadas a fim de constituir uma concessão no que diz respeito às práticas e direitos de conduzir veículos.
De acordo com ROZESTRATEN (2006), um dos maiores pesquisador e estudioso da área, a Psicologia do Trânsito surgiu como consequência de numerosas pesquisas em dezenas de institutos, laboratórios e centros de pesquisa nas últimas duas décadas. Podemos defini-la como o estudo científico do comportamento dos participantes do trânsito, entendendo-se por trânsito o conjunto de deslocamentos dentro de um sistema regulamentado.
O campo de estudo da psicologia do trânsito, desta forma, é constituído de três sistemas principais, a saber: o homem, a via e o veículo. Sendo o homem o subsistema mais complexo e, destarte, tem maior possibilidade de desorganizar o sistema como um todo. A psicologia do trânsito estuda os comportamentos humanos no trânsito, bem como os fatores e processos internos e externos, conscientes e inconscientes que os motivam ou os alteram, de modo que abarca a todos os usuários, como pedestres, ciclistas, motoristas. O comportamento na conjuntura do trânsito é algo que engloba uma compreensão de todas as pessoas que se mobilizam, isso independe da idade, do sexo, da condição sócio-econômica, profissão, ou nível de instrução. Esse campo envolve uma multiplicidade de fatores, por conseguinte, não muito fácil de ser estudado.
O trânsito é apontado, atualmente, uma problemática das mais significativas do século XXI em vista dos altos custos sociais e econômicos que ocasionam, além dos sofrimentos incalculáveis para vítimas e familiares desinentes, principalmente, dos acidentes (IPEA, DENATRAN & ANTP, 2006; Ministério da Saúde, 2007; OMS, 2009). (SILVA, 2010).
Em síntese, o trabalho do psicólogo do trânsito tem sido orientado por decretos-lei, leis, resoluções e portarias provenientes de várias instituições. No seio dos DETRANs e das clínicas, a Psicologia construiu o seu espaço e segue seu itinerário, cujas bases foram lançadas na época do primeiro Código de Trânsito.
Nas décadas de 80 e 90, a Psicologia do trânsito teve bastante influência nas instâncias de decisão da política pública de trânsito. No século XXI, a Psicologia do trânsito conseguiu consolidar a sua participação no processo de habilitação, superando movimentos contrários à sua obrigatoriedade, e simultaneamente, vem buscando ampliar o foco das suas intervenções além do motorista, envolvendo-se com políticas públicas, embora ainda a passos lentos.
Em 2004, entrou em vigor a Res. CONTRAN n° 168, que estabelece, dentre outras coisas, normas e procedimentos para a realização dos exames para a habilitação. De acordo com o documento, o processo de habilitação do condutor, após o devido cadastramento dos dados informativos do candidato no Registro Nacional de Condutores Habilitados (RENACH), seguirá com a realização da avaliação psicológica, exame de aptidão física e mental, curso teórico-técnico, exame teórico-técnico, curso de prática de direção veicular e exame de prática de direção veicular, respectivamente.
Compete ao psicólogo do trânsito atuar nesse contexto com o intuito de desenvolver pesquisas como foco nos problemas psicológicos, psicofísicos, psicossociais no que tange aos problemas do trânsito; realizar exames psicológicos a fim de emitir um parecer para candidatos a Carteira de Habilitação Nacional; participar de programas voltados à prevenção de acidentes no trânsito; desenvolver trabalhos de educação no trânsito, estudar as implicações do alcoolismo e de outros distúrbios no contexto do trânsito; colaborar com a justiça e apresentar, quando necessário, laudos, pareceres, depoimentos, dentre outras funções.
A expansão do campo de atuação dos psicólogos nos Departamentos de trânsito incluiu, ainda, ações para prevenir acidentes (como o Movimento Maio Amarelo que pretende chamar a atenção da sociedade para o alto índice de mortes e feridos no trânsito em todo o mundo); perícias em exames com motoristas objetivando sua readaptação ou reabilitação profissional e tratamento de fobias ao volante. Outro ponto que merece destaque é a inserção profissional de estudantes de psicologia através de estágios curriculares, propiciando experiência de aprendizagem (Departamento Estadual do Trânsito do Rio Grande do Norte, 2005; Alchieri, Silva, & Gomes, 2006).
Considera-se, dessa forma, que a psicologia do trânsito aponta uma proposta de entendimento dos comportamentos individuais e sociais das pessoas no contexto do trânsito. Essa, ainda é uma área nova na psicologia, porém, desponta em avanços para a melhoria da qualidade de vida das pessoas. Nesse sentido, tem ganhado evidência no que diz respeito às suas competências, que se expande a um universo muito mais extensivo do que puramente um processo de avaliação psicológica para condutores. Por fim, a psicologia do trânsito proporciona subsídios para afiançar a todo sujeito melhores condições e maior segurança no trânsito, possibilita trabalhos para educação do trânsito e tenta despertar uma consciência crítica de todos aqueles que compõem o contexto do trânsito a fim de reduzir riscos e preservar à vida.

Arizla Najane Matos de Oliveira
Psicóloga 
 CRP 03/11691
Pedagoga 
 Psicopedagoga Clínica e Institucional 

Esp. Psicologia do Trânsito (em curso)





REFERÊNCIAS
Conselho Federal de Psicologia. Resolução CFP nº 012/2000. 2000. Disponível em: <http://www.pol.org.br/pol/export/sites/default/pol/legislacao/legislacaoDocumentos/relucao2000_12.pdf.>.
Departamento Estadual de Trânsito do Rio Grande do Norte (2005). Manual da COMEP – Coordenadoria Médica e Psicotécnica. Rio Grande do Norte: Autor.
HOFFMANN, M. H. Comportamento do condutor e fenômenos psicológicos. Psicologia, pesquisa e trânsito. São Paulo, v. 1, n.1, p. 17-24, Jul../Dez. 2005.
ROZESTRATEN, Reinier J.A.. Psicologia do trânsito: o que é e para que serve. Psicol. cienc. prof. [online]. 1981, vol.1, n.1, pp. 141-143. ISSN 1414-9893. 
SILVA, Fábio Henrique Vieira de Cristo e; ALCHIERI, João Carlos. Validade preditiva de instrumentos psicológicos usados na avaliação psicológica de condutores. Psic.: Teor. e Pesq.,  Brasília,  v. 26,  n. 4, dez.  2010 .   Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-37722010000400013&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 17/10/2016.



terça-feira, 11 de outubro de 2016

DEIXE-SE SER AMADO, PORQUE O AMOR BONITO NÃO MACHUCA

Por: Valéria Amado

Deixe-se ser amado, porque o amor que é bonito e autêntico não machuca nem trai, nem tampouco sabe o que são lágrimas. O amor que nos dá a alegria é aquele que se oferece com os olhos abertos e o coração entusiasmado, é uma relação madura e consciente onde não se preenchem vazios nem se aliviam solidões egoístas.
Se pensarmos nisso por um momento, iremos perceber que está enraizada na nossa cultura popular a clássica ideia do “quem te quer bem te fará sofrer“. Isso é algo errado. A dor e o amor são duas coisas bastante distintas. Porque a relação sincera baseada na reciprocidade jamais terá na sua composição um aditivo tóxico ou venenoso. 
John Gottman é um dos melhores especialistas no que concerne a relações amorosas. Em um dos seus livros, ele nos explica que o segredo para que uma relação seja duradoura e feliz está em saber agradar. Com isso, o professor emérito de psicologia da Universidade de Washington realça a necessidade de o casal se ajudar mutuamente, de demonstrar interesse sincero um pelo outro e, acima de tudo, de criar significados e valores compartilhados.
Portanto, a dor não tem espaço nem sentido nas relações. Nós convidamos você a refletir sobre isso.
Uma das características mais notáveis dessas pessoas que conseguem estabelecer uma relação amorosa baseada no respeito, na alegria e no crescimento, é que são capazes de amar como se nunca tivessem sofrido antes, sem nunca transferir para a nova relação a dor dos relacionamentos anteriores. Não há desconfiança nem manifestam amargura.
Mas a verdade é que também encontramos pessoas convencidas de que o amor realmente faz sofrer, e isso acontece porque as experiências passadas delas lhes ensinaram isso. Falamos, claro está, da falta de amor. De fato, segundo um estudo publicado na revista “Journal of Neurophysiology“ diante do fim de uma relação ou de uma desilusão amorosa, o nosso cérebro reage da mesma forma como reage à dor física. 
Para fazer frente a estas situações tão delicadas, está a surgir atualmente um enfoque interessante baseado na neurobiologia relacional. Esta teoria tem como principal ponto de partida a ideia de que o nosso cérebro, graças à neuroplasticidade, é capaz de curar estas feridas, estas marcas de dor. 
Se fôssemos capazes de reconstruir tecidos e fortalecer mais ainda essas ligações neuronais afetadas pela dor do trauma emocional, conseguiríamos sem dúvida atingir um equilíbrio interno mais saudável.
A teoria da “Neurobiologia Interpessoal” (IPNB) foi desenvolvida pelo psiquiatra Dan Siegel. Segundo o próprio autor, o melhor modo de curar estes circuitos neuronais afetados pela vulnerabilidade ou pelo desconsolo por trás de um fracasso sentimental é praticar a meditação
O fato de favorecer um estado de calma onde voltamos a nos conectar com nós mesmos é uma forma bastante adequada de encontrar esse ponto de equilíbrio que faz entender que o que dói não é o amor em si, mas sim as nossas ações e reações. A nossa capacidade de saber nos “agradar” mutuamente, como nos indica John Gottman.
O que machuca é a falta de amor e nunca o AMOR com letras maiúsculas. O que nos deixa tristes e nos desconsola é a batalha perdida, o cansaço de um coração vazio, sem esperanças. Isso acontece quando já não se confia no “prometo que vou mudar” ou “tenho certeza de que as coisas vão ser diferentes a partir de agora“.
Devemos rejeitar completamente quem nos vende um amor com sabor a lágrimas, quem nos tenta convencer que a autêntica aprendizagem da vida chega com o sofrimento, e que todos, de algum modo, temos que experimentá-lo para dessa forma podermos nascer de novo, nascer de verdade.
O que é certo é que a felicidade também ensina, e muito. Porque no amor com letra maiúscula não existem acentos ofensivos, nem letras minúsculas carregadas de egos, medos e desconfianças. O carinho que é bonito não dói nem procura ferir, e se em algum momento aparecem o sorriso apagado e o olhar baixo, a outra pessoa irá procurar a razão dessa nuvem passageira e afugentá-la para sempre.
Tal como nos recordava Erich Fromm, o amor é acima de tudo um ato de fé. Também poderíamos encarar isso como uma salto para o vazio, onde apesar de ninguém nos assegurar de que tudo vai correr bem, não temos dúvidas em arriscar, em oferecer sempre o melhor de nós para agradar e permitir que nos agradem.
                          Deixe-se ser amado, porque o amor bonito não machuca