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segunda-feira, 17 de outubro de 2016

PSICOLOGIA E PSICÓLOGO DO TRÂNSITO: QUAL SUA RELEVÂNCIA?

ARIZLA NAJANE


Conforme o CFP (Conselho Federal de Psicologia), a psicologia do trânsito é uma “área da psicologia que investiga os comportamentos humanos no trânsito, os fatores e processos externos e internos, conscientes e inconscientes que os provocam e o alteram” (2000, p. 10).
Psicologia do Trânsito é uma área da psicologia que vêm crescendo e ganhando visibilidade no meio científico nos últimos anos, pois o psicólogo torna-se figura imprescindível na compreensão do comportamento no trânsito, bem como nos métodos de avaliação psicológica que são realizadas a fim de constituir uma concessão no que diz respeito às práticas e direitos de conduzir veículos.
De acordo com ROZESTRATEN (2006), um dos maiores pesquisador e estudioso da área, a Psicologia do Trânsito surgiu como consequência de numerosas pesquisas em dezenas de institutos, laboratórios e centros de pesquisa nas últimas duas décadas. Podemos defini-la como o estudo científico do comportamento dos participantes do trânsito, entendendo-se por trânsito o conjunto de deslocamentos dentro de um sistema regulamentado.
O campo de estudo da psicologia do trânsito, desta forma, é constituído de três sistemas principais, a saber: o homem, a via e o veículo. Sendo o homem o subsistema mais complexo e, destarte, tem maior possibilidade de desorganizar o sistema como um todo. A psicologia do trânsito estuda os comportamentos humanos no trânsito, bem como os fatores e processos internos e externos, conscientes e inconscientes que os motivam ou os alteram, de modo que abarca a todos os usuários, como pedestres, ciclistas, motoristas. O comportamento na conjuntura do trânsito é algo que engloba uma compreensão de todas as pessoas que se mobilizam, isso independe da idade, do sexo, da condição sócio-econômica, profissão, ou nível de instrução. Esse campo envolve uma multiplicidade de fatores, por conseguinte, não muito fácil de ser estudado.
O trânsito é apontado, atualmente, uma problemática das mais significativas do século XXI em vista dos altos custos sociais e econômicos que ocasionam, além dos sofrimentos incalculáveis para vítimas e familiares desinentes, principalmente, dos acidentes (IPEA, DENATRAN & ANTP, 2006; Ministério da Saúde, 2007; OMS, 2009). (SILVA, 2010).
Em síntese, o trabalho do psicólogo do trânsito tem sido orientado por decretos-lei, leis, resoluções e portarias provenientes de várias instituições. No seio dos DETRANs e das clínicas, a Psicologia construiu o seu espaço e segue seu itinerário, cujas bases foram lançadas na época do primeiro Código de Trânsito.
Nas décadas de 80 e 90, a Psicologia do trânsito teve bastante influência nas instâncias de decisão da política pública de trânsito. No século XXI, a Psicologia do trânsito conseguiu consolidar a sua participação no processo de habilitação, superando movimentos contrários à sua obrigatoriedade, e simultaneamente, vem buscando ampliar o foco das suas intervenções além do motorista, envolvendo-se com políticas públicas, embora ainda a passos lentos.
Em 2004, entrou em vigor a Res. CONTRAN n° 168, que estabelece, dentre outras coisas, normas e procedimentos para a realização dos exames para a habilitação. De acordo com o documento, o processo de habilitação do condutor, após o devido cadastramento dos dados informativos do candidato no Registro Nacional de Condutores Habilitados (RENACH), seguirá com a realização da avaliação psicológica, exame de aptidão física e mental, curso teórico-técnico, exame teórico-técnico, curso de prática de direção veicular e exame de prática de direção veicular, respectivamente.
Compete ao psicólogo do trânsito atuar nesse contexto com o intuito de desenvolver pesquisas como foco nos problemas psicológicos, psicofísicos, psicossociais no que tange aos problemas do trânsito; realizar exames psicológicos a fim de emitir um parecer para candidatos a Carteira de Habilitação Nacional; participar de programas voltados à prevenção de acidentes no trânsito; desenvolver trabalhos de educação no trânsito, estudar as implicações do alcoolismo e de outros distúrbios no contexto do trânsito; colaborar com a justiça e apresentar, quando necessário, laudos, pareceres, depoimentos, dentre outras funções.
A expansão do campo de atuação dos psicólogos nos Departamentos de trânsito incluiu, ainda, ações para prevenir acidentes (como o Movimento Maio Amarelo que pretende chamar a atenção da sociedade para o alto índice de mortes e feridos no trânsito em todo o mundo); perícias em exames com motoristas objetivando sua readaptação ou reabilitação profissional e tratamento de fobias ao volante. Outro ponto que merece destaque é a inserção profissional de estudantes de psicologia através de estágios curriculares, propiciando experiência de aprendizagem (Departamento Estadual do Trânsito do Rio Grande do Norte, 2005; Alchieri, Silva, & Gomes, 2006).
Considera-se, dessa forma, que a psicologia do trânsito aponta uma proposta de entendimento dos comportamentos individuais e sociais das pessoas no contexto do trânsito. Essa, ainda é uma área nova na psicologia, porém, desponta em avanços para a melhoria da qualidade de vida das pessoas. Nesse sentido, tem ganhado evidência no que diz respeito às suas competências, que se expande a um universo muito mais extensivo do que puramente um processo de avaliação psicológica para condutores. Por fim, a psicologia do trânsito proporciona subsídios para afiançar a todo sujeito melhores condições e maior segurança no trânsito, possibilita trabalhos para educação do trânsito e tenta despertar uma consciência crítica de todos aqueles que compõem o contexto do trânsito a fim de reduzir riscos e preservar à vida.

Arizla Najane Matos de Oliveira
Psicóloga 
 CRP 03/11691
Pedagoga 
 Psicopedagoga Clínica e Institucional 

Esp. Psicologia do Trânsito (em curso)





REFERÊNCIAS
Conselho Federal de Psicologia. Resolução CFP nº 012/2000. 2000. Disponível em: <http://www.pol.org.br/pol/export/sites/default/pol/legislacao/legislacaoDocumentos/relucao2000_12.pdf.>.
Departamento Estadual de Trânsito do Rio Grande do Norte (2005). Manual da COMEP – Coordenadoria Médica e Psicotécnica. Rio Grande do Norte: Autor.
HOFFMANN, M. H. Comportamento do condutor e fenômenos psicológicos. Psicologia, pesquisa e trânsito. São Paulo, v. 1, n.1, p. 17-24, Jul../Dez. 2005.
ROZESTRATEN, Reinier J.A.. Psicologia do trânsito: o que é e para que serve. Psicol. cienc. prof. [online]. 1981, vol.1, n.1, pp. 141-143. ISSN 1414-9893. 
SILVA, Fábio Henrique Vieira de Cristo e; ALCHIERI, João Carlos. Validade preditiva de instrumentos psicológicos usados na avaliação psicológica de condutores. Psic.: Teor. e Pesq.,  Brasília,  v. 26,  n. 4, dez.  2010 .   Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-37722010000400013&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 17/10/2016.



Um comentário:

  1. Adorei o texto, além de muito informativo nos fazer entender a importância do trabalho de um psicólogo na avaliações de futuros condutores.

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