ARIZLA NAJANE |
Conforme o CFP (Conselho Federal de Psicologia), a psicologia do trânsito é uma “área da psicologia que investiga os comportamentos humanos no trânsito, os fatores e processos externos e internos, conscientes e inconscientes que os provocam e o alteram” (2000, p. 10).
Psicologia do Trânsito é uma área da
psicologia que vêm crescendo e ganhando visibilidade no meio científico nos
últimos anos, pois o psicólogo torna-se figura imprescindível na compreensão do
comportamento no trânsito, bem como nos métodos de avaliação psicológica que
são realizadas a fim de constituir uma concessão no que diz respeito às
práticas e direitos de conduzir veículos.
De acordo com ROZESTRATEN (2006), um dos
maiores pesquisador e estudioso da área, a Psicologia do Trânsito surgiu como
consequência de numerosas pesquisas em dezenas de institutos, laboratórios e
centros de pesquisa nas últimas duas décadas. Podemos defini-la como o estudo
científico do comportamento dos participantes do trânsito, entendendo-se por
trânsito o conjunto de deslocamentos dentro de um sistema regulamentado.
O campo de estudo da psicologia do
trânsito, desta forma, é constituído de três sistemas principais, a saber: o
homem, a via e o veículo. Sendo o homem o subsistema mais complexo e, destarte,
tem maior possibilidade de desorganizar o sistema como um todo. A psicologia do
trânsito estuda os comportamentos humanos no trânsito, bem como os fatores e
processos internos e externos, conscientes e inconscientes que os motivam ou os
alteram, de modo que abarca a todos os usuários, como pedestres, ciclistas,
motoristas. O comportamento na conjuntura do trânsito é algo que engloba uma
compreensão de todas as pessoas que se mobilizam, isso independe da idade, do
sexo, da condição sócio-econômica, profissão, ou nível de instrução. Esse campo
envolve uma multiplicidade de fatores, por conseguinte, não muito fácil de ser
estudado.
O trânsito é apontado, atualmente, uma
problemática das mais significativas do século XXI em vista dos altos custos
sociais e econômicos que ocasionam, além dos sofrimentos incalculáveis para
vítimas e familiares desinentes, principalmente, dos acidentes (IPEA, DENATRAN
& ANTP, 2006; Ministério da Saúde, 2007; OMS, 2009). (SILVA, 2010).
Em síntese, o trabalho do psicólogo do
trânsito tem sido orientado por decretos-lei, leis, resoluções e portarias
provenientes de várias instituições. No seio dos DETRANs e das clínicas, a
Psicologia construiu o seu espaço e segue seu itinerário, cujas bases foram
lançadas na época do primeiro Código de Trânsito.
Nas décadas de 80 e 90, a Psicologia do
trânsito teve bastante influência nas instâncias de decisão da política pública
de trânsito. No século XXI, a Psicologia do trânsito conseguiu consolidar a sua
participação no processo de habilitação, superando movimentos contrários à sua
obrigatoriedade, e simultaneamente, vem buscando ampliar o foco das suas
intervenções além do motorista, envolvendo-se com políticas públicas, embora
ainda a passos lentos.
Em 2004, entrou em vigor a Res. CONTRAN n°
168, que estabelece, dentre outras coisas, normas e procedimentos para a
realização dos exames para a habilitação. De acordo com o documento, o processo
de habilitação do condutor, após o devido cadastramento dos dados informativos
do candidato no Registro Nacional de Condutores Habilitados (RENACH), seguirá
com a realização da avaliação psicológica, exame de aptidão física e mental,
curso teórico-técnico, exame teórico-técnico, curso de prática de direção veicular
e exame de prática de direção veicular, respectivamente.
Compete
ao psicólogo do trânsito atuar nesse contexto com o intuito de desenvolver
pesquisas como foco nos problemas psicológicos, psicofísicos, psicossociais no
que tange aos problemas do trânsito; realizar exames psicológicos a fim de
emitir um parecer para candidatos a Carteira de Habilitação Nacional;
participar de programas voltados à prevenção de acidentes no trânsito;
desenvolver trabalhos de educação no trânsito, estudar as implicações do
alcoolismo e de outros distúrbios no contexto do trânsito; colaborar com a
justiça e apresentar, quando necessário, laudos, pareceres, depoimentos, dentre
outras funções.
A
expansão do campo de atuação dos psicólogos nos Departamentos de trânsito incluiu,
ainda, ações para prevenir acidentes (como o Movimento Maio Amarelo que pretende
chamar a atenção da sociedade para o alto índice de mortes e feridos no
trânsito em todo o mundo); perícias em exames com motoristas objetivando sua
readaptação ou reabilitação profissional e tratamento de fobias ao volante.
Outro ponto que merece destaque é a inserção profissional de estudantes de
psicologia através de estágios curriculares, propiciando experiência de
aprendizagem (Departamento Estadual do Trânsito do Rio Grande do Norte, 2005;
Alchieri, Silva, & Gomes, 2006).
Considera-se,
dessa forma, que a psicologia do trânsito aponta uma proposta de entendimento
dos comportamentos individuais e sociais das pessoas no contexto do trânsito.
Essa, ainda é uma área nova na psicologia, porém, desponta em avanços para a
melhoria da qualidade de vida das pessoas. Nesse sentido, tem ganhado evidência
no que diz respeito às suas competências, que se expande a um universo muito
mais extensivo do que puramente um processo de avaliação psicológica para
condutores. Por fim, a psicologia do trânsito proporciona subsídios para afiançar
a todo sujeito melhores condições e maior segurança no trânsito, possibilita
trabalhos para educação do trânsito e tenta despertar uma consciência crítica
de todos aqueles que compõem o contexto do trânsito a fim de reduzir riscos e
preservar à vida.
Arizla Najane Matos de Oliveira
Psicóloga
CRP 03/11691
Pedagoga
Psicopedagoga Clínica e Institucional
Esp. Psicologia do Trânsito (em curso)
REFERÊNCIAS
Conselho
Federal de Psicologia. Resolução CFP nº 012/2000. 2000. Disponível
em:
<http://www.pol.org.br/pol/export/sites/default/pol/legislacao/legislacaoDocumentos/relucao2000_12.pdf.>.
Departamento
Estadual de Trânsito do Rio Grande do Norte (2005). Manual da COMEP – Coordenadoria
Médica e Psicotécnica. Rio Grande do Norte: Autor.
HOFFMANN,
M. H. Comportamento do condutor e fenômenos psicológicos. Psicologia, pesquisa
e trânsito. São Paulo, v. 1, n.1, p. 17-24, Jul../Dez. 2005.
ROZESTRATEN,
Reinier J.A.. Psicologia do trânsito: o que é e para que serve. Psicol.
cienc. prof. [online]. 1981, vol.1, n.1, pp. 141-143. ISSN
1414-9893.
SILVA,
Fábio Henrique Vieira de Cristo e; ALCHIERI, João Carlos. Validade preditiva de
instrumentos psicológicos usados na avaliação psicológica de condutores. Psic.:
Teor. e Pesq., Brasília, v. 26, n. 4, dez.
2010 . Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-37722010000400013&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 17/10/2016.
Adorei o texto, além de muito informativo nos fazer entender a importância do trabalho de um psicólogo na avaliações de futuros condutores.
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